FANATISMO RELIGIOSO
- Ana Paula Romagnolli
- 23 de out. de 2015
- 2 min de leitura

Há aqueles que acreditam e seguem rigorosamente uma doutrina ou religião. Mas até que ponto é saudável? Em que momento se torna uma obsessão? Como explicar toda violência, torturas, agressões, terrorismos, censuras? Os fanáticos são prisioneiros de suas próprias obsessões, tem uma fé inquestionável e acreditam ter uma missão de salvar as pessoas daquilo que acreditam ser o mal. Há aqueles que são inofensivos, acreditam que respostas nunca devem ser questionadas, mas que não tornam sua obsessão uma ameaça, apenas tem sua dedicação excessiva, sem fazer mal aos outros. No entanto, há aqueles que na exaltação exagerada e na necessidade da busca da salvação acabam fazendo o mal acreditando ser o certo, de acordo com sua crença, cultura, influências. A tragédia do jornal francês Charlie Hebdo é um bom exemplo. O assassinato de vários jornalistas e chargistas chocaram o mundo e levantaram uma série de questões sobre intolerância e liberdade de expressão. As vítimas já vinham sofrendo ameaças por usar polêmicas charges. Há também as guerras que nunca acabam, causadas pela disputa de terras e desavenças religiosas entre Judeus e Palestinos. Há um exemplo mais próximo, como o caso que ocorreu entre 1989 e 1993 em Altamira, Pará. Uma seita chamada LUS (Lineamento Universal Superior), criada e coordenada por uma londrinense, chamada Valentina de Andrade e acusada de mutilar crianças em rituais religiosos. Valentina era católica, até começar a ouvir vozes que seriam de extraterrestres e que diziam para parar de rezar, pregando o fim do mundo e afirmando que só os adeptos da seita se salvariam resgatados por naves espaciais. Membros da seita participavam de rituais satânicos, sacrificando crianças por acreditarem serem encarnações do demônio. Nove meninos foram castrados e seis foram mortos. Valentina foi julgada e hoje cumpre prisão domiciliar em sua residência. Esses e muitos outros exemplos de fanatismo religioso estão espalhados pelo mundo. E a extrema obsessão pode se transformar em tragédias. Mas não é só nas religiões que este tipo de comportamento é encontrado. O neo-ateísmo, conhecidos como anti-religiosos, que muitas vezes defendem sua ideologia com provocações desrespeitosas, humilhando e inferiorizando os religiosos, também é caso de extremo fanatismo. Há pessoas que consideram uma doença. A psicóloga Marlene Winell criou o termo “STR” (Síndrome de Trauma Religioso) para classificar os sintomas de pacientes que sofrem de transtornos mentais em decorrência do fanatismo. Deste modo pessoas que participam do grupo criado pela psicóloga sentem acolhidos, compartilham suas experiências e conseguem melhorar suas percepções a respeito da religião. Até onde é o limite? Quando as pessoas vão aprender a respeitar e entender que cada um tem o livre arbítrio e cabe a cada um escolher sua religião ou ideologia?
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