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A CRIANÇA TRANSGÊNERA E OS DESAFIOS DO AMBIENTE ESCOLAR

  • Marlon Motta
  • 27 de nov. de 2015
  • 3 min de leitura


Um sábado qualquer, a não ser por uma visita a casa de uma antiga amiga que não via fazia tempo. Após compartilhar com ela todos os meus dramas vividos em época de faculdade, que na verdade são os mesmo que ela passou, começamos a falar sobre seu trabalho na escola. Thaís Shell, amiga minha de muitos anos e pedagoga formada pela UEL, está em uma situação um pouco complicada. Este ano, na escola em que leciona, algo inédito aconteu. Uma criança com comportamento transgênero. Logo de cara fiquei muito interessado no assunto.

Thaís por mais que tenha sua mente aberta e saiba lidar com a diversidade, em seu trabalho não se sente preparada para lidar com este tipo de situação. O garoto de apenas seis anos brinca apenas com garotas, não só brinca como se comporta como uma delas. Troca de roupa com as garotas e de vez em quando até as joias da mãe traz para a escola, diz que quer se sentir mais bonito.

Em minha cabeça era simples, ele é transgênero e ponto. Mas não é tão simples quanto parece. A escola tem regras, assim como todas as outras. Meninos de um lado e meninas do outro. Banheiro para meninas e para meninos. Se você é menino, tem que ficar com eles. Thaís diz que é de cortar o coração ver o garoto na fila das garotas e ter de dizer “Você tem pipi, ou seja, você é menino. Vá para a fila certa”. Difícil não? Sim, ela acha e muito. E não é só ela que se sente despreparada, todas as professoras sentem desconforto em tratar com dureza ao garoto de apenas seis anos e impor um comportamento que ele é totalmente contra.

Após termos esta conversa, lembrei que este ano em São Paulo houve uma tentativa de adicionar uma ementa para que o estudo de gênero fosse implantado na capital. Assim os educadores se preparariam para abraçar a diversidade e teriam mais capacidade para tratar do assunto com os alunos.

Toni Reis, Secretário de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), é um especialista no assunto. Faz pós-Doutorado em educação e estuda a homofobia e transfobia no meio educacional.

E de acordo com ele a falta de preparo dos educadores e de toda a rede de ensino pode prejudicar os alunos tanto trangêneros quanto homossexuais. Toni diz que a homofobia e a transfobia no ambiente escolar no Brasil têm sido objeto de várias pesquisas, e representam um grave problema para estudantes LGBT, que enfrentam a desumanização, insegurança, isolamento, vulnerabilidade, além de comprometer a inclusão educacional e a qualidade do ensino, dificultando a aprendizagem e o rendimento. Outro problema comum é o bullying, que conduz à evasão e ao abandono escolar; dificulta a inserção no mercado de trabalho e em alguns casos leva ao suicídio.

Após absorver estas informações e pesquisar mais a respeito, descobri que não parecia ser tão simples como eu pensava. Já havia assistido a alguns documentários na TV a cabo como “A menina trangênero” e tudo parecia estar caminhando a favor da transição daquela criança. Porém vivo em outra realidade, em outro país, assim como esse garoto que mora no meu bairro. A mãe dele o presenteia com bonecas e sua irmã brinca de casinha com ele. Seu pai está estudando psicologia e seu irmão o protege dos monstros, ou seja, nós. É de se entender porque há tantos abandonos em casos como trangêneros e homossexuais. O infeliz despreparo dos educadores causado pelo regresso das leis impede a formação de novos cidadãos. Independente de sexualidade, são cidadãos que irão pagar seus impostos e contribuir para o país.

Em casa, acolhido no ambiente onde deveria ser tratado, e aprender a tratar os demais como iguais, se sente desamparado, fora do ninho às vistas do predador.

 
 
 

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